sábado, 28 de novembro de 2009

Um amor em você.

A água vai ter evaporado, a sopa esfriado, o sorvete derretido, e enquanto isso eu vou ficar aqui com o silencio nos lábios e o vento nas faces, e eu vou sentir o meu pulmão fraco, mas creia, eu estarei aqui, até o ultimo pulsar, até o ultimo olhar de alguém, eu vou esperar você, até eu me sentir vazia.

E se um dia vier ao meu encontro, eu vou lhe sorrir e dizer que você até seria tudo o que eu queria, mas não o que eu precisava, e que toda a necessidade que eu achava ter, me forçava a inventar um amor em você.
Você fará cara de espanto, como se fosse impossível, e eu lhe darei um olhar de piedade e um meio sorriso confuso e cansado.
Depois, tentará me agredir com ciúmes findáveis e, eu ainda estarei fraca demais para lhe dizer algo, para lhe fazer pose, mas vou até fingir raiva e me fazer ameaçada para acarinhar o seu ego.
E quando você se despedir, eu vou e não terei sentido toda a sua presença aqui.

domingo, 22 de novembro de 2009

Cafeína

Olhei a garoa pela janela e senti o ar mais quente, a música e o verão não eram agradáveis, não para mim.
O cheiro de café que vinha do copo abandonado na pia me fazia lembrar, e pensei em como muitas vezes somos como o copo, temos todo o café dentro de nós e alguém o toma e nos larga em cima da pia, da mesa, em qualquer lugar.
Pensei nele, em como ele nunca percebeu o café em mim, e como nunca vai perceber, em como vai deixar esfriar, e eu, me pergunto, como posso ter visto uma boca nele, um consumidor de mim, nele.
E todas as vezes que ele me ejeta cafeína, me faz ficar ansiosa e nervosa, e animada, e apaixonada, e como me toma isso, como faz com que eu queira mais e mais, e depois tenha vontade de deixar para lá, de ficar em paz, de sair do quase colapso que sei que pode ser.
Se ele soubesse como é excitante estar com ele, e como é necessário, e como é chato e estressante não estar, a minha droga, a minha cafeína, contudo que não sabe disso.
No entanto, com o meu hálito de café deixei todos os meus pensamentos, e fui para a vida, sem ele por perto, deixando a pia, a garoa e o verão a margem de tudo isso.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A falta da falta.

Quando eu sentir falta das brigas, vou perceber o que é a falta da falta.
A falta da falta de palavras, a falta da falta de brigas e de conversas intermináveis, a falta da falta de um censo em comum e a falta que tudo faz.
E vou sentir a falta de ligar para dar risadas e de não fazer nada, nada com alguém, nada com ninguém, e vou sorrir e vou chorar enlouquecidamente, pensarei em voltar muitas e muitas vezes e, quando chegar a hora verei como tudo mudou, e vou querer ir para onde estava, sentir a falta da falta e ficar com a imagem bonita dos nossos corpos jovens.