domingo, 22 de novembro de 2009

Cafeína

Olhei a garoa pela janela e senti o ar mais quente, a música e o verão não eram agradáveis, não para mim.
O cheiro de café que vinha do copo abandonado na pia me fazia lembrar, e pensei em como muitas vezes somos como o copo, temos todo o café dentro de nós e alguém o toma e nos larga em cima da pia, da mesa, em qualquer lugar.
Pensei nele, em como ele nunca percebeu o café em mim, e como nunca vai perceber, em como vai deixar esfriar, e eu, me pergunto, como posso ter visto uma boca nele, um consumidor de mim, nele.
E todas as vezes que ele me ejeta cafeína, me faz ficar ansiosa e nervosa, e animada, e apaixonada, e como me toma isso, como faz com que eu queira mais e mais, e depois tenha vontade de deixar para lá, de ficar em paz, de sair do quase colapso que sei que pode ser.
Se ele soubesse como é excitante estar com ele, e como é necessário, e como é chato e estressante não estar, a minha droga, a minha cafeína, contudo que não sabe disso.
No entanto, com o meu hálito de café deixei todos os meus pensamentos, e fui para a vida, sem ele por perto, deixando a pia, a garoa e o verão a margem de tudo isso.