sábado, 6 de junho de 2009

Sombras.

Caminhando pela garoa via milhares de corpos correndo desesperados pelas avenidas, não entendia o porque, sempre me disseram que a chuva purifica a alma, será que ninguém além de mim naquela avenida tinha uma alma imunda? Imunda por acreditar em palavras e por ser ingênua ao achar que pessoas cínicas não existem.
De repente olhei para a sombra e vi a minha sozinha nos muros pichados, nem um espírito para acompanhar, por mais que pareça loucura, esses dias um anjo, não sei se do mal ou do bem, me acompanhou, eu senti suas mãos segurando as minhas, eram acolhedoras ao mesmo tempo horríveis, eram tão quentes que ao se misturarem com o meu calor, me queimavam.
Sempre preferi os anjos frios, se é que são anjos, não me queimam, contudo não sei o peso de suas almas, me disseram que mãos frias era sinal de coração quente, e vice-versa, analisando desse lado me chamaram de desprovida de sentimentos. As vezes queria não ter um coração e assim não sentir aquela dor medíocre que se tem quando se ama.
Falaram-me também que ciúmes não é sinal de amor, ou seja, acho que nunca amei mesmo, se tudo o que sentia de dor era um infantil ciúmes, daqueles bobos que você sente vontade de sair gritando e batendo em quem for, porque de resto não foi nada tão surreal assim, sempre pensava nos outros mesmo.
Recordo agora os meus casos de meninice, minha tia me ofereceu achocolatado, e eu lhe disse que tomava “Nescau” com água, foi a pior experiência, porque achava que se tomasse o leite os outros não teriam o que tomar, engoli tudo e foi ai que descobri que existia outra caixa na geladeira, desde essa época fazia alguns sacrifícios e ainda continuo sendo chamada de egoísta.
As vezes sou chamada de esquisita, sendo que deveria ser chamada de desorganizada, nem os meus pensamentos andam em ordem, eu não sou mais capaz de dizer quais sentimentos são ilusões e outros quais são verdadeiros, o que sei das minhas incertezas, é que vou seguindo somente com a minha sombra naqueles muros.