quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Procura-se

Procura-se alguém que goste de artes, MPB e de dias frios, que ame animais e não goste de carne, um alguém bem humorado, mas que seja sério e saiba apreciar museus, um alguém que creia no além dos olhos, e que tenha fé de que a vida pode ser sempre melhor, um alguém que tenha medos e vontades e que saiba lidar com eles, um alguém sem vícios e com amigos, um alguém que não me troque por valores medíocres, e que aprecie passeios de índios e literatura, procura-se um alguém que entenda o meu lado, as minhas paixões e que tenha uma opinião coerente, um alguém criativo e que me faça sentir única, que não fale do passado como se fosse o presente, e que tenha qualidades e defeitos como qualquer outro alguém, mas que eu os suporte, procura-se um alguém que tenha se emocionado com O pequeno príncipe e que ache O morro dos ventos uivantes um romance único, um alguém que ouça Chico e aprecie Quintana, um alguém que já ouviu ou leu algo da Martha Medeiros, procura-se um alguém que me ame do jeito que sou e que se adéqüe a mim, e ser for o caso,sem se importar com nada do que procuro.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Melhor assim.

Tudo o que ela sempre precisou passou, passou o amor, passou a alegria, e ela sabe que está melhor sozinha, mas toda noite antes de dormir, ela chora, chora doido, contudo tem que seguir, foi um passo difícil largar tudo por atos menores, mas ela queria atos menores, não se importava com o tamanho, com o conforto e com tudo o que diziam sobre perder o que se construiu,ela só queria sentir o que é estar junto, arrumou tudo e foi, deixou tudo como sempre foi, e saiu para fazer do mundo uma obra dadaísta com ela dentro, ela não se encaixava no mundo, ela se encaixava só no mundo dela, ou melhor no dele, dela aquilo nunca foi, e ela queria o dela, ela queria rir de piadas realmente legais, ela queria romance, ela não queria ser um gato dentro de uma caixa, ela queria respirar e mostrar que respirava, ela queria venenos contra a vida estagnada, queria ser ela e saber como é a comida de um outro restaurante, não só daquele que ele sempre a levava, queria ser mulher além de tudo, mas não Amélia, e sim Afrodite, queria ser notada, então foi embora, com uma mala e sua caixa de lembranças e sem a aliança, aquilo já não combinava com o cenário, quando saísse porta a fora seria outra, era outra, era a mulher, era a não dona de casa, era a não namorada, a não casada, era somente a mulher, a mulher que queria ser, sem ter que brincar de lar, sem ter que sorrir a noite e dizer que o dia foi legal sem ser, sem ter que ser calma, meiga, e passiva, sem ter que querer balada e se reprimir, em alguns dias era e é realmente triste sem o costume do “Oi, amor.”, mas ela sabe e perfeitamente bem que foi e é melhor assim.