domingo, 17 de janeiro de 2010

Frágua Vodca

Capítulo 2

Um Martini




Aos meus 20 anos comecei, como papai, a procurar putas para aliviar o estresse de um dia tedioso, em uma certa época comecei a gastar quase todo o meu salário com eventos desse nível e bebida, meu pai já não praticava isso, estava doente, muito doente e morreu um pouco depois que eu fiz 21, não tive nem tempo de levá-lo para conhecer a Europa, algo que eu sempre o prometia em minha infância.
Alias, quando se é criança, nós prometemos cada coisa, lembro-me de Ana, minha Aninha, era minha namoradinha de infância, sempre jurava que casaríamos no futuro, nunca mais a vi e só fui prometer isso de novo em minha adolescência para Isadora, tínhamos 15 anos e ela estudava na mesma sala que eu, ao contrario de mim, era esforçada e a melhor da sala.
“ Nos Casaremos, Isa, e farei no peito uma tatuagem com o seu nome, para mostrar que seremos eterno, minha vida.”
Ela nunca dizia nada, só ficava com os olhos brilhando, passado seis meses de namoro, ela se foi, seus pais nunca concordaram com isso, mas antes de ir, deixou minha vida marcada, lembro-me bem.
Ela disse naquela noite:
“ Eu quero ser de você e você ser meu, minha mãe sempre diz que o modo mais intimo de nos ligarmos aos outros é assim, sendo uma só carne.”
Eu queria muito isso, muito mais do que ela, mas achei conveniente me fazer de tolo e preocupado.
Aquela noite foi linda e é a única coisa que eu lembro quando estou com outras, o jeito que Isadora fazia, tão suave, contudo, nunca a amei, só gostava dela, assim como se gosta qualquer casalzinho que está junto para passar o tempo.
Recordo também que Isa e eu sempre íamos a bares, ela sempre pedia Coca e eu sempre um Martini, até hoje peço como primeira bebida um Martini, mas agora não tenho um sorriso e conversas doces, agora sento do lado de caras feios que puxam um assunto qualquer, falam da vida, de mulheres e de músicas.
Falando em homens assim, lembro de Almir, um dono de ferro-velho, que era apaixonado por uma garçonete 15 anos mais nova que ele, ele sempre dizia que pensava nela ao estar com outras. Almir, era pessoa boa, mas tinha uma aparência horrível, era pequeno e gordo com um nariz grande, nariz que lembrava o meu, com uma quebra ao meio, ele tinha algumas tatuagens e dizia que era de seu tempo de rock e sempre estava com um casaco de couro. Além dele, nesse bar sempre estavam Goreth e Jão, e sempre era Tina que nos atendia, essa era pálida e tinha no cabelo um louro pastel manchado.