segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Uma bela mentira.

E ele não era tão diferente assim, adorava sorrir, contudo sempre fingia estar feliz, tentava aceitar as suas vazias memórias e inventava algumas felizes para suportar dias com chuva. Gostava de sentir a chuva sobre a sua nuca, e depois se achava purificado, renovado, até descobrir que a ferida continuava ali.
Já estava cansado de amores mal resolvidos, e ficava com qualquer só por diversão, por mais uma noitada com algum prazer fugaz e até mesmo pra se sentir vaidoso, e ninguém conseguia notar que aquele corpo só era de mais um morto.
Era fútil e não suportava saber que todos os seus passos deixavam erros, queria desfazer todo o passado, como se desfazia dos falsos belos sorrisos que distribuía por aí e, realmente estava cansado de sorrir.
Estava cansado de gostar pouco, queria sim, saber como é gostar, estar realmente afim de alguém e de ver como as horas podem passar de pressa.
Olhava-se no espelho e via somente uma beleza cinza, depois a imagem se distorcia para o menino que era em cima da arvore, e destruía a maquiagem feita para esconder sua face, se realmente tivesse face, era somente um monte de belas mentiras.
Seus olhos já turvos escondiam a verdadeira cor, era como um mar poluído, quem olhasse podia ser puxado pelas algas, e comido por tubarões. E era com esses olhos turvos que ele prendia almas e depois as devolvia estilhaçadas.
Algumas vezes se sentia garboso e sedutor, gostava de destilar e de afeto em publico, a boemia e urgia eram parte de sua vida.
E o que foi feito desse rapaz? Ninguém sabe mais, talvez tenha se perdido em todas as batidas, ou tenha mudado de vida e feito da sua historia um enigma.