sábado, 11 de dezembro de 2010

Melhor assim.

Tudo o que ela sempre precisou passou, passou o amor, passou a alegria, e ela sabe que está melhor sozinha, mas toda noite antes de dormir, ela chora, chora doido, contudo tem que seguir, foi um passo difícil largar tudo por atos menores, mas ela queria atos menores, não se importava com o tamanho, com o conforto e com tudo o que diziam sobre perder o que se construiu,ela só queria sentir o que é estar junto, arrumou tudo e foi, deixou tudo como sempre foi, e saiu para fazer do mundo uma obra dadaísta com ela dentro, ela não se encaixava no mundo, ela se encaixava só no mundo dela, ou melhor no dele, dela aquilo nunca foi, e ela queria o dela, ela queria rir de piadas realmente legais, ela queria romance, ela não queria ser um gato dentro de uma caixa, ela queria respirar e mostrar que respirava, ela queria venenos contra a vida estagnada, queria ser ela e saber como é a comida de um outro restaurante, não só daquele que ele sempre a levava, queria ser mulher além de tudo, mas não Amélia, e sim Afrodite, queria ser notada, então foi embora, com uma mala e sua caixa de lembranças e sem a aliança, aquilo já não combinava com o cenário, quando saísse porta a fora seria outra, era outra, era a mulher, era a não dona de casa, era a não namorada, a não casada, era somente a mulher, a mulher que queria ser, sem ter que brincar de lar, sem ter que sorrir a noite e dizer que o dia foi legal sem ser, sem ter que ser calma, meiga, e passiva, sem ter que querer balada e se reprimir, em alguns dias era e é realmente triste sem o costume do “Oi, amor.”, mas ela sabe e perfeitamente bem que foi e é melhor assim.