segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Fechar os olhos.



Eu vejo gente morrendo, mesmo estando viva, eu vejo as pessoas se perdendo e não é de caminho é de vida, eu vejo as lagrimas secas nos rostos sujos dos mendigos, eu vejo os jovens jurando amor eterno por um dia, e vejo sexo sem compromisso, corpo por dinheiro, e eu vejo e sinto o cheiro da erva, e bebo para esquecer toda essa vida amarga que nós fingimos ser doce, toda essa hipocrisia maldita.
Eu vejo o preconceito nos olhos e vejo a ignorância e a falta de pudor nos corpos machucados, eu vejo crianças chorando ao invés de sorrir, eu vejo o mundo indo e eu voltando, eu vejo o dia caindo e nada mudar.
Falo e ouço coisas bonitas, mas nada é bonito na solidão das almas, eu ouço no noticiário e leio sobre suicídios e ouço as pessoas dizerem que isso está errado e eu penso que tudo está errado, que é fácil se matar quando a vida é uma merda, quando você dorme e não sabe se vai acordar com a cabeça rachada, se amanhã vai ter um sentido para lutar.
E eu vejo as pichações nas ruas, e depois escuto alguém dizer que isso é um modo de se expressar e outros reclamam falando que a acaba com a cidade, mas eles jogam lixos e emporcalham e a deixa mais cinza do que ela já é.
Depois, nós nos fazemos de bonitos e modernos e dizemos: “Moramos nas cidades cinza, cidade que nunca para”, cidade que não para e que meias verdades são jogadas, porque as verdades estão nos bueiros, perdidas com as traças, com o lixo e com os insetos.
E eu me pergunto aonde vamos parar, e até quando eu vou ter que fechar os olhos em conjunto com os desconhecidos que andam por aí.