quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Procura-se

Procura-se alguém que goste de artes, MPB e de dias frios, que ame animais e não goste de carne, um alguém bem humorado, mas que seja sério e saiba apreciar museus, um alguém que creia no além dos olhos, e que tenha fé de que a vida pode ser sempre melhor, um alguém que tenha medos e vontades e que saiba lidar com eles, um alguém sem vícios e com amigos, um alguém que não me troque por valores medíocres, e que aprecie passeios de índios e literatura, procura-se um alguém que entenda o meu lado, as minhas paixões e que tenha uma opinião coerente, um alguém criativo e que me faça sentir única, que não fale do passado como se fosse o presente, e que tenha qualidades e defeitos como qualquer outro alguém, mas que eu os suporte, procura-se um alguém que tenha se emocionado com O pequeno príncipe e que ache O morro dos ventos uivantes um romance único, um alguém que ouça Chico e aprecie Quintana, um alguém que já ouviu ou leu algo da Martha Medeiros, procura-se um alguém que me ame do jeito que sou e que se adéqüe a mim, e ser for o caso,sem se importar com nada do que procuro.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Melhor assim.

Tudo o que ela sempre precisou passou, passou o amor, passou a alegria, e ela sabe que está melhor sozinha, mas toda noite antes de dormir, ela chora, chora doido, contudo tem que seguir, foi um passo difícil largar tudo por atos menores, mas ela queria atos menores, não se importava com o tamanho, com o conforto e com tudo o que diziam sobre perder o que se construiu,ela só queria sentir o que é estar junto, arrumou tudo e foi, deixou tudo como sempre foi, e saiu para fazer do mundo uma obra dadaísta com ela dentro, ela não se encaixava no mundo, ela se encaixava só no mundo dela, ou melhor no dele, dela aquilo nunca foi, e ela queria o dela, ela queria rir de piadas realmente legais, ela queria romance, ela não queria ser um gato dentro de uma caixa, ela queria respirar e mostrar que respirava, ela queria venenos contra a vida estagnada, queria ser ela e saber como é a comida de um outro restaurante, não só daquele que ele sempre a levava, queria ser mulher além de tudo, mas não Amélia, e sim Afrodite, queria ser notada, então foi embora, com uma mala e sua caixa de lembranças e sem a aliança, aquilo já não combinava com o cenário, quando saísse porta a fora seria outra, era outra, era a mulher, era a não dona de casa, era a não namorada, a não casada, era somente a mulher, a mulher que queria ser, sem ter que brincar de lar, sem ter que sorrir a noite e dizer que o dia foi legal sem ser, sem ter que ser calma, meiga, e passiva, sem ter que querer balada e se reprimir, em alguns dias era e é realmente triste sem o costume do “Oi, amor.”, mas ela sabe e perfeitamente bem que foi e é melhor assim.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bateu saudade.

Confesso, hoje bateu saudade, não de você, dos momentos com você, de quem você era, das suas risadas, dos nossos passeios, dos nossos momentos mínimos, das nossas fotos e dos nossos sonhos, como bateu saudade, mas junto com tudo isso veio o gosto amargo de saber que você não tem mais esses sonhos, não espia essas fotos, não guarda esses mínimos, não passeia esses passeios e nem ri dessas risadas.
O tempo suga tudo, sugou você e deixou o eu, deixou o seu antes e trouxe esse seu depois, trouxe o meu depois também, mas digo simplesmente, como bateu saudade, essa saudade doce, azeda, essa saudade fina, aguda.
Bateu saudade, bateu ciúme, ciúme de saber que sua vida não está tão conectada ao meu mundo, que o para sempre foi sugado por canudos divinos, é bateu tristeza também, a tristeza da certeza do distante, em verdade, bateu tanta coisa, tantos sentimentos, mas eu ainda digo em um tão mais acido, mais forte: Ah, como bateu saudade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A gente

E de repente dá um negocio na gente, a gente pensa que é, que não é, confunde e esquece tudo o que passou, a gente sente aquele frio e aquele calor, e finge que é, que não é, e sabe lá qual é, a gente pede por mais e pede por menos, por menos motivos da distancia, por menos distancia, por menos espaço no nós, e por mais sorrisos, mais abraços, mais olhares e mais companheirismo.

A gente quer e finge não querer, morde os lábios e sonha a noite, a gente morre, a gente corre, e a gente faz tudo por gente, e tão de repente a gente descobre o que dá na gente, a gente desacredita e depois abre os dentes e nota que tudo que o a gente quer é gente que ame a gente, como a gente ama essa gente.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cotidiano utopico

Bebeu o café como se fosse o ultimo, talvez ele quisesse que fosse, saiu pela porta e olhou para trás como se nunca mais fosse ver aquela velha porta de madeira, olhou a sua vizinhança e pensou em como é engraçado morar lá e lembrou- se também dos churrascos e dos sambas, de todas as festas ali feitas.
No trajeto para o trabalho pensou em como seria a vida em outro lugar, pensou na vida que não teve e que teria se estivesse com ela, de acordar e dormir ao lado dela, de sentir o gosto de seu batom e de agüentar a sua TPM, pensou nos filhos que rejeitou ao dizer não àquela mulher de lábios Carmim, imaginou a camisa do seu time vestida por um menino que teria o nome de seu pai e os passeios ao zoológico, foi fazendo uma rota imaginaria do caminho da escola do varão, e de toda a sua vida, e em segundos estava chorando, querendo ter a vida que não teve.
Ninguém entendia o porquê dele dizer não aquela mulata e nem ele entendia, eles se amavam tanto e no dia do casamento não conseguiu ficar, talvez fosse medo de deixar a vida de solteiro, talvez fosse o medo da monotonia , mas ele apagou todas as questões, todas as imagens e voltou para o seu cotidiano, ir ao trabalho, agüentar a pressão e depois voltar para a sua casa vazia.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Não vá

Oi, espero que você esteja bem, faz tanto tempo que já não sei mais o que anda acontecendo, não sei se sou eu ou você que mudou.

Eu ando um pouco cansada, perdida, e sem você tenho me sentido sozinha, sem alguém para contar os meus medos e alegrias, era tão legal poder contar com você, mas o tempo veio e mudou tudo isso.
Por isso que eu temo o tempo, ele muda tudo e é sempre assim, muda sem a gente querer, mudou você e eu, mudou a nossa vida inteira e eu nem sei mais o que querer, é meio escuro aqui, meio solidão, mesmo o meio não existindo, ele existe sem você que nesses últimos meses vinha sendo a minha metade.
Eu também ando temendo tudo ultimamente, até sair na rua está sendo complicado, e ouvir as musicas que eu costumo ouvir também, elas são tão tristes e as melodias delas fazem lembrar as suas e se eu pudesse pedir uma única coisa nesse momento, pediria para você não ir como algumas outras pessoas foram da minha vida.

sábado, 26 de junho de 2010

Um garotinho

E ele tinha sonhos como qualquer outro garoto de sua idade, e ele queria se sentir vaidoso, mesmo que isso o levasse a uma imprudência, ele era ele acima de tudo, acima de todos, e ninguém notava a sua sensibilidade e os seus escudos, ninguém entendia plenamente o que acontecia, ele era um turbilhão de confusões, historias, sentimentos, mistérios que não eram tão misteriosos assim, ele era dor e melancolia, ele era eufemismo, metáforas e todas as figuras juntas, e ele era perfeito nas suas imperfeições, ele era uma das figuras mais humanas que conheci.
Ele dava para o mundo o que ele podia dar, e até mais do que poderia, ele insinuava sonhos e estórias, ele era divertido, e o mundo o retraia, ele fincava e abandonava, ele era sutil e avassalador, mas acima de tudo, ele era inocente nas suas façanhas.
Se um dia, o mundo soubesse que ele era ele uma criança sem mascaras, não o jogaria ao chão, não o julgaria e o entenderia em todas as imagens e estórias, mas nem o mundo , nem ele notou e esse garoto de sonhos comum se retrai cada dia mais.

O hoje.

E eu escrevo agora para você, já machucou e foi machucado? Já disse que ia ser a ultima vez e não foi? Já falou o que não devia ou se declarou indiretamente? Já quis morrer? Já pediu bis? Já teve desejos, vontades estranhas? Já amou uma musica? Um filme? Já travou? Já gritou? E a mais importante você já amou hoje?

Hoje, se não, então ame agora, ame você e ame tudo o que você foi, tudo o que passou e tudo o que está passando, não ame o que vai passar, o que vai passar é para o amanhã que não existe, ame o hoje, como se fosse o ultimo, vai que é o ultimo?
A gente demora uma vida inteira para notar que para que tudo aconteça ritmicamente certo, temos que amar, aceitar, o que somos e o que fomos, sem pensar no que seremos, às vezes nós damos a nossa vida e nem percebemos isso.
Se eu pudesse vender um conselho ou me presentear com algo, não diria um “se concentre no seu futuro” e nem voltaria no tempo, só diria para mim mesma, ame o que você é, e aceite o que você sempre foi.


*dedico ao Palazzi

terça-feira, 1 de junho de 2010

E lá vou eu ...

E lá vou eu me enganando de novo, acreditando em todas as palavras, acreditando em todas as frases feitas e jurando para mim mesma de que você vai estar aqui quando a noite mais escura chegar.
E lá vou eu bancando a tola, sorrindo e dizendo que lhe adoro, e na minha mente fico martelando que sem você nem tem sentido, e ouvindo musicas de amor, achando que tem um sentido maior agora.
E lá vou eu chorar de felicidade, rir inocentemente, e me iludir, e me dar mal com as suas mentiras, com a sua farsa bem armada.
E lá vou eu lhe dizer mentirinhas bonitas para lhe proteger da sua filhaoputeza única, da sua lábia promiscua, das palavras acidas mundiais.
E lá vou eu me embriagar dos fragmentos do seu amor, encher a minha alma com restos e agüentar as suas manias.
E lá vou eu ser a sua babaca não tão preferida assim.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Pilantra travessa.

E ela me vem com seu hálito e impregnada de paganismo, toda desrespeitosa me beijando a boca, o corpo, levando um quase nada de minha alma, mas me sugando assim todo dia, acabando comigo, me sufocando vestida de cetim, e eu a temo e eu a desejo nos meus desesperos e eu a evito, contudo, ela me visita todo dia com um olhar faceiro, com uma boca doce amarga e eu me sinto inevitavelmente atraída pelo seu pansexualismo, por toda a sua voracidade e por toda a sua força.
Penso quando ela vai acabar comigo, inflamar a minha alma, quando ela vai chegar certeira e nem deixar memórias e nem pistas, só alguns adeus, quando ela vai me possuir por inteira, quando essa sacana me trapaceará, penso definitivamente em como vai ser o meu fim com ela, ela que é obviamente o meu fim, a minha verdade, e a musa de muitos.
Ela que é a pilantra de sonhos e medos, ela que é doce e amarga, que machuca e delicia, ela, a dama ao qual dedico as minhas simples palavras, ela musa negra, viúva, tempestuosa, a adorável travessa maldita morte.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Lista

Eu era mais uma da lista dele, ele era a minha lista inteira, eu era a décima na pagina, ele era meu primeiro, segundo, terceiro e todo o resto, eu era letras e um beijo com gosto de cereja, ele era o usurpador da minha alma, eu era o nome, ele era o meu inteiro, enquanto eu era um parágrafo, ele era o meu livro, o livro que ele forçou o abandono da escrita, no meu bilhete um ‘te amo’ em caligrafia simples, no dele um ‘Fui... vou viver’ e em mim um fim interrompido, nele o pré-começo.

domingo, 25 de abril de 2010

A gente


Eu lhe acharia um covarde se você não tentasse, mas até ai, eu prefiro não achar nada, a gente sempre faz o que quer, é assim que vai indo e vindo, você fazendo o que quer e eu fazendo o que me cabe a fazer, contudo por que não tentar mudar tudo isso?
Vamos, jogue as suas lembranças fora, elas vão fazer chorar mesmo, e nem me diga que vai sorrir quando se lembrar das boas, porque vai sorrir e depois chorar de saudades, então nem adianta tê-las, vem comigo e passeie vendo a cidade como ela realmente é, suja, com pombos e mentirosos por todo o lado, nós também somos mentirosos, e nem liga se eu falar alguma besteira por vaidade, eu sou totalmente tola ao lado de alguém como você, a minha prudência fica guardada na gaveta quando eu tenho que caminhar por ai, se quiser, a gente ouve um rock ou uma musica clássica, combina com essa cidade antiga imunda, com esses loucos de olhos vermelhos e com esse clima de correria que se instala, abre um pouco a sua narina e respira o resto de ar puro que está aqui, vai lhe fazer bem, você precisa se recuperar de tudo o que você tentou ser e que não conseguiu.
Como a vida é engraçada, a gente tem tudo e não tem nada, a gente sempre quer ser alguém melhor, e a gente nunca consegue alcançar isso, a gente tenta, tenta e se consegue fica descontente, a gente sempre quer o melhor para a gente, mas nem é capaz de ver que o melhor pode estar ao nosso lado, a gente quer tanto e não quer nada ao mesmo tempo, a gente sente, ri, chora e a gente se confunde, para, continua, envelhece e nunca vê diferença em nada, a gente compara, mas não muda, a gente fala e nem sabe o porquê falamos, nós somos confusos até para nós mesmos, e isso é o que nos torna engraçados.
Às vezes a gente se acha um merda, mas quantas pessoas queriam ser iguais a gente e a gente nem imagina, e nem eles imaginam que a gente se joga tão para baixo, você já se perguntou quantas pessoas pensam em você quando vão dormir? Eu penso sempre nisso e eu sempre penso em você também.

Quem diria?

Quem diria que eu toda louca, ovelha negra, sem papas na língua, com um grande dicionário de gírias e palavrões, sempre com um livro de romance barato sacana nas mãos e você, toda certinha, ovelha branca, com um dialogo calmo e com a bíblia em mãos, nos tornaríamos amigas, assim como somos, tortas, certas e loucas, daquelas que entende o silencio da outra e a alegria de um suspirar, que sabe quando a outra está triste na escrita e que entende fotos que não dizem nada para alguns? Quem diria que uma menina com sonhos de artista louco, se daria tão bem com uma menina tão objetiva e detalhista como um contador? Quem diria que por causa de uma conversa chata sobre cálculos matemáticos seriamos amigas de dividir tormentas, felicidades e muita caminhada pela cidade em torno de nada? É, é assim que a gente é e seremos, e dane-se o que alguém diria ou dira, o que importa é a nossa amizade.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Certezas.

Certeza de dormir sendo esquecida a cada segundo, de no riso de alguém não ter um vestígio do teu, sendo que já se teve, de procurar uma vã promessa em baús antigos, de chorar na alma sem ir para os olhos e amarelar um sorriso, a certeza de que ninguém vai ligar, de que ninguém vai lembrar a sua idade, o seu tempo, o seu respirar, toda a certeza de palavras mentirosas, de pessoas medrosas, de vidas que deram errado, mas que viveram a certeza do tropeçar na porta, do fio de voz e do vento quente e frio, a certeza do amor escondido nos lábios de alguém idiota, a certeza dos dias passados e dos acertos forjados, a certeza de uma euforia, de um sol, a certeza da mudança da lagarta, do morrer da flor, do morrer da dor, do morrer do amor, do morrer da eternidade, da juventude, da melhor idade, a certeza de um eu e a certeza de um você, e a incerteza do nós, do sempre, do infinito da vida.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Frágua Vodca

Ultimo capítulo

Minha Body piercing




Fiz como todos o vestibular e passei, quando acabaram as férias, comecei o curso, não havia sentido nem alegria e nem arrependimento, mas confesso que depois de um tempo achei um saco e desisti do curso.
Mamãe já havia voltado e ficou triste pela desistência, nem liguei, a única vantagem do curso, é que tive de diminuir as bebidas e parei de fumar, ah, e conheci Carol.
Ela fazia faculdade de administração, era tatuadora e body piercing, queria administrar melhor sua loja, ela devia ter umas 19 tatuagens, odiava o numero par para tattoo, dizia que dava azar, algo assim.
Comecei a namorá-la, nessa mesma época comprei uma Canon e tirava foto de tudo, fiz até um fotolog para colocar as fotos das tatuagens que ela fazia, era um fotolog da loja dela, ela me incentivou a fazer um curso de fotografia, e até me ajudou a comprar a câmera profissional.
Fiz o curso, e cada dia mais me fascinava com esse mundo, Carol me incentivava sempre e foi com ela que fiz a minha primeira tatuagem, uma Fênix, havia lhe contado a minha historia e ela sempre me chamava de Fênix.
Era lindo estar com ela, acordar com ela, beijar a boca dela de café e vê-la em lingeries de onça, aquele corpo esguio e suas madeixas ruivas lisas, aquela tatuagem de cereja sobre o peito e cada polegada dela.
Hoje sou fotografo e Carol viajou para Londres há 6 meses, queria fazer intercambio para aprender a falar e conhecer também, disse que teve uma namoro com Lilly, uma punk, Carol é bissexual, falando nela, ela volta hoje e vou buscá-la no aeroporto, talvez fiquemos juntos como antes, ou sejamos só amigos, o que sei é que ela é quase uma Vodca pra mim.

Frágua Vodca

Capítulo 7

Aos 30




Quando fiz 30 anos, comecei a achar minha vida um lixo, tinha um emprego ruim, não namorava e gastava tudo o que tinha com sexo, cigarros e bebidas.
Veio em casa naquela manhã mamãe e titia, traziam um bolo e um pacote, abri o pacote, dentro estava uma camisa azul claro, agradeci, mas não gostei, gostava de camisetas.
Minha tia leu o meu horóscopo e disse que capricornianos são de personalidade forte, mas eu não era, era um covarde, queria mudar isso.
Mamãe me informou que ia para Portugal como turista e eu por impulso disse que ia fazer faculdade de jornalismo, não sei por que disse, mas disse.
Ela sorriu emocionada, começou a chorar e disse que já estava na hora de usar o meu talento.

Frágua Vodca

Capítulo 6

Um santo




Minha mãe é devota de Santo Expedito, isso explica o meu nome, ela dizia que queria ser tão ligada a mim como era a ele e eu sempre sorria achando aquilo imbecil, quando ela me perguntava se ele não era um santo bonito, concordava, às vezes é melhor concordar do que discordar, sem brigas e argumentos.
“Você é um milagre, menino. Seu pai não podia ter filhos, rezei tanto e veio você. Aquele infeliz, nem para ter filho prestava!”
Ela começou a odiá-lo depois da morte, descobriu que tivera muitas amantes e de vez em quando agradecia o fato dele não poder, quando pensava nisso.

Frágua Vodca

Capítulo 5

Adeus Vivian



Era noite de maio, Vivian chegou em casa em um casaco lindo, dentro dele estava ela linda com um micro- vestido vermelho e olhos bem delineados, ela não era tão bonita, mas era demais para mim, tinha 1,65 cm, pele branca e olhos e cabelos pretos, bem magra e fumava muito, foi com ela que peguei o vicio.
“ Cara, eu te amo, mas estou confusa.”
Disse ela, me olhando sentada com um cigarro na mão, eu não sabia o que dizer, não achei certo dizer que era recíproco, pois não era.
“Eu tenho 25 anos, quero ser mãe, morar junto de alguém.”
“Você pode morar comigo.”
“Eu sei que não quer ser pai, e nós juntos não conseguimos nos sustentar, sabe disso.”
“E o que quer fazer?”
“Terminar!”
Eu me calei e a deixei sair, colocou o casaco e me beijou pela ultima vez. Nunca mais veria sua tatuagem de borboleta.
Anos depois soube que se casou e teve dois meninos, um tem meu nome, não entendo o por quê.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Frágua Vodca

Capítulo 4

A única




Mamãe ligou logo cedo, disse para não esquecer da missa de papai e do almoço em sua casa, minha mãe sempre fazia uma missa para meu pai no primeiro domingo do mês e era a única mulher que me ligava.
Na verdade, mamãe era a única que não saia da minha vida, acho que por ser minha mãe.
Ela sempre dizia que tudo na vida passa e não sentimos saudades das pessoas e sim dos momentos que passamos com elas, talvez tivesse razão, ela sempre mandava eu aproveitar a vida, eu a aproveitava, mas ao modo de meu pai.
Mamãe sempre me queria por perto, se achava culpada pela minha solidão e quando lhe dizia que a culpa não era dela, relatava meu caso com Vivian.
Vivian foi minha namorada aos meus 24, a conheci em um bar, era fã de Nirvana e estava lá para ver a banda cover, fiquei encantado com o jeito louco dela, seu modo de encarar a vida e o jeito que falava ‘só mais um gole’, engatamos um namoro, mais sexo e bebida que outra coisa.
Sempre fazíamos amor ao som de rock e alguma tranqueira sobre a mesa como comida, minha mãe não a suportava e fazia de tudo para tirá-la da minha vida, até que conseguiu

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Frágua Vodca

Capítulo 3

Suzane



Cheguei em casa cansado, tinha sido uma tarde tumultuada no trabalho, nem tive tempo de ler o jornal, por isso sentei-me na poltrona e peguei o exemplar para ler, sei que já era tarde pra saber das noticias, mas era de meu costume lê-los, nenhuma noticia aquele dia me interessou, então fui logo para os anúncios e dei de cara com um que me interessou muito, estava escrito assim: “ Prazer rápido em roupas intimas provocantes, ligue e saiba”, o numero estava logo abaixo, adorava prazer rápido, sempre ouvi dizer que as drogas davam isso, mas era covarde demais para tal, então ficava com o sexo mesmo e se fosse rápido era melhor ainda.
Liguei e me atendeu uma mulher de voz rouca, marquei para a tarde de sábado, e ela disse “ Amanhã, você saberá o que é prazer!” e desligou.
Pensei que ela seria mais uma, sempre achava que era mais uma, contudo, sempre me lembrava de cada uma delas.

Antes de sair de casa naquela tarde bebi uma cerveja, estava bem quente o dia, tomei um banho e fui, odiava ser limpo por elas.
Uma mulher de cabelos vermelhos abriu a porta, lhe disse que havia ligado ontem e ela me mandou entrar, que logo Suzane poderia atender.
Suzane veio vestindo um camisetão, ela era alta de peitos fartos e cabelo encaracolado preto, não satisfazia o meu gosto, mas era bonita.
“ Sou Suzane, prazer só na cama.”,sorriu e me deu a mão.
“Expedito” e sorri para não ser antipático, ela me puxou e me levou para um quarto pequeno e quente.
“É de praxe pagar antes.”, disse a ruiva e lhe dei a quantia negociada.


“Coloca ou coloco?”, perguntou Suzane, me dando o preservativo, preferi que ela colocasse, ela o fez e depois brincou um pouco.
No ato, eu não parava de falar, eu costumo fazer isso, pedi para ela me arranhar, adoro sentir dor, foi rápido, e digamos que até bom.
Só narro sobre Suzane, porque foi a puta que me deu mais prazer, ela fazia tudo com vigor e prazer, parecia gostar daquilo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Frágua Vodca

Capítulo 2

Um Martini




Aos meus 20 anos comecei, como papai, a procurar putas para aliviar o estresse de um dia tedioso, em uma certa época comecei a gastar quase todo o meu salário com eventos desse nível e bebida, meu pai já não praticava isso, estava doente, muito doente e morreu um pouco depois que eu fiz 21, não tive nem tempo de levá-lo para conhecer a Europa, algo que eu sempre o prometia em minha infância.
Alias, quando se é criança, nós prometemos cada coisa, lembro-me de Ana, minha Aninha, era minha namoradinha de infância, sempre jurava que casaríamos no futuro, nunca mais a vi e só fui prometer isso de novo em minha adolescência para Isadora, tínhamos 15 anos e ela estudava na mesma sala que eu, ao contrario de mim, era esforçada e a melhor da sala.
“ Nos Casaremos, Isa, e farei no peito uma tatuagem com o seu nome, para mostrar que seremos eterno, minha vida.”
Ela nunca dizia nada, só ficava com os olhos brilhando, passado seis meses de namoro, ela se foi, seus pais nunca concordaram com isso, mas antes de ir, deixou minha vida marcada, lembro-me bem.
Ela disse naquela noite:
“ Eu quero ser de você e você ser meu, minha mãe sempre diz que o modo mais intimo de nos ligarmos aos outros é assim, sendo uma só carne.”
Eu queria muito isso, muito mais do que ela, mas achei conveniente me fazer de tolo e preocupado.
Aquela noite foi linda e é a única coisa que eu lembro quando estou com outras, o jeito que Isadora fazia, tão suave, contudo, nunca a amei, só gostava dela, assim como se gosta qualquer casalzinho que está junto para passar o tempo.
Recordo também que Isa e eu sempre íamos a bares, ela sempre pedia Coca e eu sempre um Martini, até hoje peço como primeira bebida um Martini, mas agora não tenho um sorriso e conversas doces, agora sento do lado de caras feios que puxam um assunto qualquer, falam da vida, de mulheres e de músicas.
Falando em homens assim, lembro de Almir, um dono de ferro-velho, que era apaixonado por uma garçonete 15 anos mais nova que ele, ele sempre dizia que pensava nela ao estar com outras. Almir, era pessoa boa, mas tinha uma aparência horrível, era pequeno e gordo com um nariz grande, nariz que lembrava o meu, com uma quebra ao meio, ele tinha algumas tatuagens e dizia que era de seu tempo de rock e sempre estava com um casaco de couro. Além dele, nesse bar sempre estavam Goreth e Jão, e sempre era Tina que nos atendia, essa era pálida e tinha no cabelo um louro pastel manchado.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Frágua Vodca*


Capítulo 1

O amor



Para dizer a verdade eu nunca aprendi a amar, e quando diziam que me amavam, eu simplesmente não acreditava e dizia ‘eu também’.
Nunca fui muito de acreditar que alguém fosse capaz de ter algum sentimento por mim, nem ódio, afeição ou dó e também nunca fui de sentir alguma coisa forte por alguém, eu só queria palavras bonitinhas e na maioria das vezes não queria nada além de um copo de vodca forte com morango, alias uma das melhores bebidas pra mim, mas confesso que sempre quis um amor forte e ardente como a vodca, um amor que me faz sentir um gosto amargo na boca e faz arder quando desce sobre a garganta, algo que me faz sentir calor e alivio, algo que em grandes doses me faz mais alegre, um amor que me tire do chão.
Mamãe sempre dizia que o amor surge, mas ele nunca surgiu pra mim, mas para minha mãe tudo surge, a sua fé era algo bonito e hipócrita de se ver, ela acredita cegamente até em papai, que a traia em cada esquina imunda desse bairro frio e até em outros bairros.
Ele tinha paixão pelas putas do centro e dizia que elas eram boas de um jeito rápido, dizia também que não agüentava mais viver aos costumes católicos de mamãe, essa por sinal, vivia em missas, uma beata de carteirinha e me fazia ir aos domingos de manhã, ouvir as palavras de Deus.


*Nome sugerido por Vitor Augusto Carrara
Frágua: 1º calor intenso, ardor, fogo vivo;2º amargura.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dia cinza.

Tomou um café e saiu, o encontrou e apoiada sobre a janela foi vendo as ruas.
-Por que tão calada?
-Nada, só pensando.
-No que?
- Em nada, nada...
-Não se pensa em nada.
-Se pensa, quando nada te motiva, a gente pensa no nada.
- O que seria um motivo pra você?
- O que não seria um motivo pra mim?
-Não sei, eu realmente não sei.
-Nem eu, mas veja, o dia está bonito.
-O céu está cinza.
- Está mais limpo que o meu cérebro.
-Nossa...
E o silencio se manteve por todo o caminho, o que ela pensou ficou pra ela, só dela, ela sorriu algumas vezes, mas sem entusiasmo nenhum, foi uma péssima companhia, ela que sempre otimista e que tira sorrisos em dias como o pensamento dela.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Desculpa

Desculpa por não ser o que você sonhou, por eu pecar às vezes, e lhe escarrar verdades cruéis, desculpa por ter sido eu mesma, por não ter tentando ser melhor, ser do jeito que você queria, não lhe dizer coisas bonitas, desculpa por não aumentar o seu ego, por não lhe dar vaidades e desculpa por eu não saber se desculpar, mas não sei ser de outro jeito, então lhe digo um simples e sincero: desculpe-me por não poder modificar, facilitar nada por e para você.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Desafinou

Com o tempo, vamos desafinando, não cantando e sim com as pessoas, enfraquecendo, o que era ótimo, hoje é bom ou memória, e isso nos torna silêncio, um silêncio que machuca, encomoda e muitas vezes tentamos voltar a afinação, só que torna-se impossivel, porque não depende só de você e sim de ambos, um conjunto em harmonia que deixou de ser harmonioso faz tempo. Hoje vejo, o quanto desafinei, e me culpo e me dói e tento fugir do que não se foge.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Correndo Sozinha

Eu estou correndo sozinha está noite para lhe dizer que tudo o que você tem pensado ao meu respeito está errado, que quando eu disse que era para sempre, era e é a verdade, que quando eu chorei dizendo que lhe amava, chorei por medo de não poder lhe dizer, e de nunca fazer você acreditar.
Eu estou correndo ao seu encontro e lhe ligo, mas no seu telefone ninguém atende, queria lhe fazer lembrar de que eu existo e pedir permissão para entrar só um pouquinho nos seus pensamentos, na sua vida.
E eu achava realmente que você pensava em mim, e começo a sentir que você vai indo e no seu barco eu não estou, que qualquer troço em mim, em você morreu, morreu mórbido e lentamente, contudo morreu, se apagou.
Mas eu só quero que você saiba, que eu vou continuar correndo sozinha pensando em você, pedindo que algo meu, cresça em você de novo.